segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Staccato inquietante; Ária de mágoa

Essas pessoas... Para que esquina de seus interiores foram seus sensos? Para qual confim do universo foram suas resoluções? Indigno-me de seus caprichos, tolos! Tolas! São todos animais, por que consideram cuidadosamente seus instintos, se nunca ousam deixá-los? Torna-se para mim cada dia mais difícil empatizar com seus hábitos, com seus humores. Por que me sinto tão desapegado, destacado? São presos por grades de formas, cabelos, sorrisos e prendas. Compensação por aceitação. Indulgência. Cinísmo. Lascívia! Para onde foram seus sensos, danação?! Se me fosse cabida qualquer danação.. Ah, não os culpo.. Não os entendo. São como ovelhas, com ou sem pastor, mas são ovelhas que rastejam como cobras e ladram como cães! Não sigo seus pensamentos, sou tão ilógico assim? Por que não os compreendo? Por que não assimilo seus desígnios e tomo parte de suas vãs futilidades? Tenho como pertence a mim próprio e nada mais; não sinto o pulsar de suas veias, não sinto o calor de suas mãos, só o frio de suas carrancas sem sentido. Sinto-me nu, como quem encontra e perde de imediato, como quem sabe e não lhe é perguntado. Sei, e o pior de tudo é que sei. Sei também o quanto sou maldito nesta lacuna de mundo, sem entender, interiorizar ou almejar qualquer que seja a praxis destes meus primos distantes. Humanos, humanos.. Por que me sinto tão pouco quanto vocês? Por que me enoja tanto sua linguagem? Por que me torno quieto diante de seus olhares brincalhões? Não os entendo, mas amo-os tanto, por que?

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